Elohim disse a Nôach: "Hei de
cobrir o mundo com uma terrível inundação. Tudo que se encontra abaixo do
firmamento será destruído." Elohim
poderia ter destruído o mundo enviando, ao invés do dilúvio, uma peste, animais
selvagens, um incêndio ou ainda qualquer outra força destrutiva.
Por que,
entre tantas outras formas de destruição, Ele escolheu justamente as águas? Uma das
respostas é explicada através da seguinte parábola:
O rei e as pessoas mudas
O rei
estava de bom humor. Anunciou a seu ministro: "Desejo
alegrar algumas pessoas desafortunadas. Convide ao meu palácio um grupo de
pessoas pobres e mudas. Trate-as generosamente! Dê-lhes comida requintada e
vista-as lindamente." O grupo de
pessoas mudas foi convidado e todos passaram um tempo muito agradável. Jamais
sonharam haver no mundo coisas tão prazerosas. Sua gratidão para com o rei não
tinha limites. As infelizes criaturas não podiam falar, mas quando o rei
passava, todos se levantavam e se curvavam, acenando com as mãos e mostravam a
ele, na linguagem dos sinais, o quanto apreciavam o que estava fazendo por
elas. Todas as manhãs, ao se levantarem, louvavam o rei na linguagem dos sinais. O rei
estava satisfeito por eles o honrarem deste modo. Estava tão contente que
chamou o ministro e deu-lhe algumas instruções: "Este
grupo de pessoas mudas desfrutou de uma longa e agradável estadia em meu
palácio. Despeça-os agora e convide em seu lugar um grupo de mendigos que
falem. Eles louvarão meus atos nobres com palavras e não apenas com gestos e
sentir-me-ei ainda mais honrado." Então, um
grupo de pessoas pobres e falantes foi convidado ao palácio e tratado com
deleites que nunca haviam experimentado. Os mendigos estavam tão ocupados em
divertir-se que esqueceram do rei a quem deviam sua boa sorte. Nenhum deles
pronunciou uma palavra sequer de agradecimento e, quando o rei passava por
eles, ignoravam-no completamente. Logo, os mendigos esperavam suas comodidades
com naturalidade e exigiam prazeres como se lhes coubesse por direito. Certo
dia, decidiram se apoderar do palácio e depor o rei. Enfurecido, este chamou o
ministro: "Expulse
estes mendigos de meu palácio," ordenou ele. "Faria melhor convidando
novamente os mudos; eles não podiam expressar sua gratidão com palavras, mas me
honravam da melhor maneira possível. Estas pessoas falantes, porém, que
poderiam me trazer tanta glória com o poder da fala, revoltam-se contra
mim!" A ordem do
rei foi cumprida.
A chave para a parábola
Quando Elohim
criou o mundo, encheu-o com água. A água não podia louvá-Lo com palavras, mas
fazia rolar suas ondas ruidosamente em alto e bom som, proclamando: "Como Elohim
é poderoso!" Elohim
então disse: "Se
até a água canta Meus louvores, imagine o que farão os seres humanos que podem
pensar e falar!" Então o
Criador removeu a água para os oceanos. Na terra seca, criou seres humanos
dotados de inteligência. Porém, ao invés de louvar a Elohim, revoltaram-se
contra Ele, cometendo pecados. Ao invés de usar o cérebro e o poder da fala
para objetivos positivos, tramavam atos maus, difamaram, insultaram e
injustiçaram-se uns aos outros. Todas as gerações depois de Adam foram
igualmente perversas. Elohim observou seus atos tornarem-se cada vez piores e
disse: "Vou
livrar-Me desta gente e trazer de volta a água que estava na terra no início da
Criação. A água não pode pensar e nem falar, mas louva-Me, enquanto que as
pessoas Me enfurecem com seus atos vis!" Por esta
razão, Elohim trouxe o dilúvio à Terra, eliminando os perversos.
0 comentários:
Postar um comentário