terça-feira, 22 de março de 2022

 SHEMITÁ E O FIM DOS DIAS! 


Há uma conexão entre shemitá e juízo divino. Historicamente, isso ocorreu muitas vezes e continua a ocorrer na Idade Contemporânea, envolvendo não apenas Israel, mas as nações. Vemos também que o não cumprimento do ano sabático por Israel foi a principal causa dos setenta anos de exílio babilônico. Perceba que o juízo veio somente após setenta shemitá não observadas, ou seja, setenta períodos de sete anos, nem um ciclo a mais, nem um a menos. Sete é o número da perfeição nas Escrituras e, por isso, um número muito especial. Ele aparece exaustivamente no Livro de Apocalipse que trata dos juízos divinos em relação aos tempos do fim. Por ser perfeito, é um número ligado a Elohim , bem como a seus propósitos e desígnios. Daniel, um dos profetas do exílio, estudou o livro de Yirmeyahu/Jeremias e compreendeu que o castigo de Elohim para com Israel seria de setenta anos. Por certo que conhecia a Torah e o aviso de Elohim da desobediência em relação à shemitá. Por isso, ele afirma que "entendeu pelos livros" que o exilio e, por conseguinte, a desolação de Jerusalém, seria de setenta anos (Dn 9:2 e Dt. 26:34-35). A partir desse entendimento do mistério do juízo divino ligado à shemitá, ele clama a Elohim em oração por seu povo e é recompensado ao receber a visita de Gabriel com a revelação dos tempos do fim. Nesse contexto, o anjo lhe diz que há setenta semanas desde a ordem para reedificar Jerusalém até a manifestação do Messias. Trata-se se de semanas de anos e não de dias  (Lv. 25:8). Portanto, mais uma vez o número setenta aparece no livro de Daniel. Dessas setenta semanas de anos, 69 já se cumpriram e os cálculos coincidem com a primeira vinda do Messias. Resta, portanto, uma semana de anos ou sete anos. São os anos marcados pelo governo do anticristo que precederá a segunda vinda do Messias, Tal semana se refere à Grande Tribulação aludida por Yeshua nos Evangelhos (Dn12:1 e Mt 24:15-28). As setenta semanas de Daniel apontam para dez shemitás, sendo que nove delas precederam a primeira aparição do Messias, restando apenas uma shemitá que precederá sua segunda vinda. A questão é quando ocorrerá tal shemitá. Assim, a última semana de Daniel corresponde a um ciclo completo de shemita. Esse é o contexto judaico em que o profeta recebeu a revelação e o contexto em que escreveu seu livro. Daniel era judeu, bem como todos os profetas e apóstolos de Yeshua, sem mencionar Ele próprio. Não há como interpretar corretamente as Escrituras que não seja pela perspectiva judaica em que foram escritas. Daí a importância de se compreender as raízes judaicas.Embora não saibamos o dia nem a hora da volta do Filho do Homem, Ele nos advertiu que precisamos saber interpretar os sinais dos tempos que incluem sinais nos céus e na Terra. Sabendo do mistério da shemitá a respeito dos juízos divinos, fica nítido que a última semana de Daniel ou a Grande Tribulação somente pode começar no início de um novo ciclo de shemitá. Como dito acima, estamos em um ano sabático que se encerra no próximo Rosh Hashaná (setembro/2022). Então, se iniciará um novo ciclo de shemita que se estenderá até 2029. Portanto, se a Grande Tribulação não se iniciar a partir de setembro deste ano, ela não ocorrerá até pelo menos 2029. Se não se iniciar em 2029, não ocorrerá até pelo menos 2036. E assim por diante. Ela não poderá se iniciar em um ano aleatório, caso contrário, Elohim não seguiria seu próprio calendário, seus tempos e suas estações, como vem fazendo ao longo das eras. Ao olharmos para as Festas do יהוה, vemos o mesmo padrão temporal seguido na primeira vinda do Messias, durante as Festas da Primavera.  Espera-se que o mesmo padrão seja seguido nas Festas do Outono, quando ocorrer a segunda vinda do Messias. Com a última semana de Daniel (Grande Tribulação) não poderá ser diferente, pois não lidamos com um Elohim que age aleatoriamente, mas que tem seguido perfeitamente seus desígnios, de acordo com os tempos e estações que estabeleceu por sua infinita sabedoria.

Shemitá e os Sinais do Fim

Neste estudo, aproveitando o grande interesse, vamos prosseguir discutindo sobre a shemitá, um tópico de relevância para todos que desejam interpretar os tempos em que vivemos. De maneira alguma, pretendo esgotar o assunto em um simples estudo - isso me seria impossível –, mas apenas destacar alguns fatos que colocam a shemitá e os sinais do fim em uma relação de equivalência. Um ciclo de shemitá se refere a um período de sete anos da terra de Israel, dos quais, em seis, a terra é cultivada e, no sétimo, ela deve repousar, segundo o mandamento de Levítico 25:1-4. Esse sétimo é o ano sabático (shemita). Historicamente, um ciclo de shemitá está ligado a eventos marcantes em Israel e no mundo, bem como a algumas tragédias globais como as guerras mundiais. A maioria desses eventos ocorre no primeiro ano após uma shemitá, ou seja, no primeiro ano do ciclo de shemitá. Vamos enumerar alguns mais recentes da história contemporânea.

"Porque assim diz o יהוה dos Exércitos: Ainda uma vez, daqui a pouco, e farei tremer os céus, e a terra, e o mar, e a terra seca, e farei tremer todas as nações, e virá o Desejado de todas as nações". (Hagay 2:6,7) Segundo essa passagem, é necessário que as nações sejam abaladas antes da volta do Messias, o Desejado de todas as nações. Isso já tem ocorrido em seguidos ciclos de shemitás, mas certamente se agravará com a proximidade de sua volta. Ao mesmo tempo em que abala as nações para sinalizar o fim da presente era, Elohim parece enviar uma mensagem codificada em meio a crises e tragédias de cada ciclo de shemitá. Uma mensagem de amor e misericórdia de um Pai que deseja resgatar todos que para Ele se voltarem nesses tempos tenebrosos: “Arrependam-se, porque o Reino dos céus está próximo". 

Mattiyahu 3:2

Após a formação do novo Estado de Israel, em 1948, o evento mais importante que mudou completamente a nação, bem como a forma de se relacionar com seus vizinhos árabes, foi a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Ela se deu no ano de 5727 do calendário judaico, primeiro ano de um ciclo de shemita. Após ser atacado em três frentes de batalha, Israel conseguiu uma vitória esmagadora e inexplicável do ponto de vista militar, conquistando, em apenas seis dias, quatro vezes o tamanho de seu território original. Dessa conquista, a tomada de Jerusalém oriental foi a mais importante, quando o monte do Templo voltou para os judeus após quase dois mil anos nas mãos dos gentios. O resultado dessa guerra moldou a geopolítica do Oriente Médio até os dias atuais. Sete anos depois, no ano de 5734 (1973/74), no início de outro ciclo de shemita, Israel foi atacado no dia da Festa de Yom Kippur, o dia mais sagrado do judaismo (10 de Tishrei), pelo Egito e pela Síria em duas frentes distintas. A despeito de pesadas perdas, Israel conseguiu repelir o ataque e manter os territórios antes conquistados na Guerra dos Seis Dias. Ato contínuo, o conflito causou um embargo dos países Árabes produtores de petróleo aos EUA por terem prestado assistência a Israel. Isso gerou a famigerada crise do petróleo, quando o preço do barril praticamente quadruplicou em questão de semanas, causando enorme revés na produção industrial, especialmente dos EUA, gerando inflação e impactando economicamente o mundo inteiro. Na virada do milênio do calendário gregoriano, um acontecimento chacoalhou o mundo no ano judaico de 5761 (2001/02). É logico que me refiro ao infame 11 de setembro e a seu espetáculo de terror assistido ao vivo pelo mundo inteiro. Esse evento ocorreu no fim de um ano sabático, exatamente a uma semana da Festa de Rosh Hashaná (1 de Tishrei), marcando o início de um novo ciclo de shemita (5762-5768). Os ataques terroristas causaram uma queda livre no mercado de ações que acumulou 1,4 trilhão de dólares em perdas. O ouro e o petróleo dispararam de preço e o estrago na economia global foi imediato. No dia 29 de setembro de 2008, ocorreu a maior queda do Dow Jones em apenas um dia, com 777,68 pontos. Até março de 2020, no início da pandemia do coronavírus, esse era o recorde da maior queda na história. O fato se deu exatamente na transição do dia 29 de Elul para 1 de Tishrei, quando se celebra Rosh Hashanah, marcando não somente o ano novo judaico, mas o primeiro ano de um novo ciclo de shemita, 5769 (2008/09). Agora perceba a ironia no número de pontos da queda da bolsa! Parece um recado claro de Elohim (sete é o número da shemita, repetido três vezes). 2016), novamente no primeiro ano de um ciclo de shemitá, a bolsa de Nova York experimentou várias quedas consecutivas, não com a gravidade da crise de 2008, mas que levaram a uma perda de mais de dois trilhões de dólares em apenas seis dias. Outra perda grande ocorreu com o estouro da bolha do mercado de ações da China, acarretando uma perda de mais de 40% em dois meses.


USANDO A LEGENDA CORRETA! 

Esses acontecimentos mostram uma clara conexão entre o primeiro ano de um ciclo de shemitá e o cumprimento de juízos e promessas para Israel e as nações gentílicas, seguindo os tempos e o calendário estabelecidos por Elohim, o qual foi dado a Israel. A shemitá faz parte dessa engrenagem do relógio de Elohim, juntamente com as demais Festas do יהוה estabelecidas em sua Torah que ocorrem no tempo e nas estações por Ele designados para cumprir seus propósitos sobre a Terra. Isso explica a necessidade de nos voltarmos para Israel. Tentar compreender esses acontecimentos, bem como eventos vindouros e os tempos do fim, excluindo Israel da equação, é o mesmo que assistir a um filme em uma língua desconhecida e sem legenda. Você poderá até captar o sentido de algumas cenas, mas perderá seu enredo por completo. Quando nos voltamos para Israel, estamos usando a legenda correta para compreender a linguagem de Elohim falada na trama do filme que se desdobra em nossa contemporaneidade. Daí a importância de conhecermos nossas raízes judaicas. vimos que as setenta semanas de Daniel são dez ciclos de shemitá (10 x 7 anos), abrangendo as duas vindas do Messias, e que já se passaram nove ciclos, restando apenas um ciclo completo ou uma semana de anos (sete anos) para a segunda manifestação do Messias. Como Elohim trabalha dentro dos tempos e das estações que Ele mesmo designou, esse ciclo de sete anos, também conhecido como Grande Tribulação nos Escritos Nazarenos, precisa coincidir seu início com um novo ciclo de shemitá. Não será um evento aleatório. Como estamos em um ano sabático, o presente ciclo se encerra no início do próximo ano novo judaico, em Rosh HaShanah (26 de setembro de 2022). Então, se inicia um novo ciclo de shemitá que poderá coincidir com o início da Grande Tribulação, conforme Yeshua a chamou, fazendo menção à profecia de Daniel no contexto da shemita. Se ela não iniciar agora em 2022, não poderá se iniciar até o ano de 2029, quando se encerra a shemita. Caso não comece em 2029, somente poderá começar em 2036, e assim por diante. Se um novo ciclo de shemitá se inicia em setembro próximo, significa que haverá mais uma crise financeira global? Ou que haverá conflitos militares ou outras tragédias? É lógico que ninguém pode afirmar isso categoricamente a não ser Elohim. Porém, com base na observação histórica, sabemos que a probabilidade de eventos assim acontecerem na transição de uma shemitá para outro ciclo é significativa. Mas, ainda que soubéssemos que tal crise viesse a ocorrer, não poderíamos avaliar sua gravidade. A crise de 2015, por exemplo, não foi tão grave quanto a de 2008. Muitos teólogos especulam há décadas a respeito da manifestação do anticristo, um líder mundial que se levantará com grande poder para implantar seu reino temporário de regime totalitário e global, conforme as Escrituras. Não é difícil imaginar que isso só poderá se concretizar em um ambiente de caos, especialmente econômico, o que pode ser muito bem causado por uma crise financeira sem precedentes que, por sua vez, pode ser deflagrada por uma tragédia mundial. Para exemplificar, pensemos apenas nos eventos que temos vivenciado nos últimos dois anos com a atual pandemia que transformou a vida no planeta, conforme a conhecíamos, em questão de semanas. Será em um tipo de cenário caótico, certamente bem pior que o da atual pandemia, que ele se apresentará ao mundo.


SHEMITÁ E A MENSAGEM CODIFICADA DE ELOHIM! 

Conforme visto acima, examinando a historia por apenas alguns ciclos de shemita, verificamos a ocorrência de tragédias como guerras e crises financeiras globais que, na sua maioria, coincidem com o início de um ciclo de shemitá, no primeiro ano. Tais eventos certamente não ocorrem por mera coincidência. Curiosamente, o Talmud é, com base em uma profecia de Amós declara explicitamente que o Messias virá no primeiro ano de um ciclo de shemitá. O Talmude também descreve os anos do ciclo de shemitá que precederão o Messias como sendo de extrema dificuldade, com fome, mortes e guerras, o que confere com a descrição dada por Yeshua para a Grande Tribulação. Além desses sinais ocorrerem no primeiro ano após o ano Sabático, também ocorrem próximo a Rosh HaShanah (1 de Tishrei). Essa data marca a Festa das Trombetas, o início do ano novo civil de Israel. Esse é um mês muito importante no calendário judaico, pois compreende as três Festas do Outono em Israel. Não apenas a tradição ortodoxa crê que o Messias se manifestará nessa época, mas também a messiânica. Os eventos ligados ao arrebatamento, Bodas do Cordeiro, volta do Messias para livrar Israel de seus inimigos e o início de seu Reinado milenar estão todos conectados a essas Festas que ocorrem no mês de Tishrei (setembro/outubro). "Porque assim diz o יהוה dos Exércitos: Ainda uma vez, daqui a pouco, e farei tremer os céus, e a terra, e o mar, e a terra seca, e farei tremer todas as nações, e virá o Desejado de todas as nações". (Hagay 2:6,7) Segundo essa passagem, é necessário que as nações sejam abaladas antes da volta do Messias, o Desejado de todas as nações. Isso já tem ocorrido em seguidos ciclos de shemitás, mas certamente se agravará com a proximidade de sua volta. Ao mesmo tempo em que abala as nações para sinalizar o fim da presente era, Elohim parece enviar uma mensagem codificada em meio a crises e tragédias de cada ciclo de shemitá. Uma mensagem de amor e misericórdia de um Pai que deseja resgatar todos que para Ele se voltarem nesses tempos tenebrosos: “Arrependam-se, porque o Reino dos céus está próximo".  (Mattityahu 3:2)

domingo, 14 de novembro de 2021

Hesed (Misericórdia) entenda o que a religião não fala sobre o que é graça!

 



Um termo hebraico a serviço de todos

Convém contextualizar o termo hesed à família de palavras em hebraico que remete a três raízes: hânan, râham e hâsad. Conjuntamente aparecem 369 vezes, isto sem considerar os textos que não correspondem ao original hebraico. Os significados destes três termos no Tanak (AT) convergem para a tradução como “misericórdia”, mas devido a riqueza e complexidade semântica aparecem, dependendo do contexto e tradução como “bondade”, “benignidade”, “solidariedade”, “graça”, “lealdade”, “agir lentamente”, “amor constante”, “ter misericórdia de”, “ser gracioso”, “misericordioso”, “favor”, “sentimento fraternal e maternal”, “terna misericórdia”, “devoção” e “generosidade”. Quanto à procura da etimologia do termo hesed, chega-se ao conceito de snaith que no AT tem o significado de “intensidade” e “agudeza”. Focalizando mais o conceito hesed pode-se afirmar que sua riqueza se encontra testemunhada nas Sagradas Escrituras, pois, como Povo de Yawheh os hebreus experimentaram e viveram da piedade e misericórdia do Senhor, isto desde os primórdios de sua formação (cf. Ex 34,6). Em sua revelação, o Yawheh de Israel sempre tratou com compaixão o Povo eleito, preferindo a misericórdia do que a ira merecida (cf. Os 11,8s). Frente os pecados do povo, Yawheh não se cansa em revelar livremente a sua imensa misericórdia. Por isso pode-se afirmar que a rica e longa história do Povo de Yawheh se entrelaça à revelação e experiência com a misericórdia divina harmonizada à sua justiça, embora a ultrapasse muitas vezes em prol do Povo; desta forma a misericórdia fez história de salvação pessoal e comunitária com reflexos sociais. Por iniciativa divina, o Yawheh misericordioso fez continuamente Aliança com o Povo por Ele próprio formado e eleito, não obstante ter muitas infidelidades. Também como prova da compaixão divina, quando pecavam, por diversas vezes houve um envio profético, para serem exortados a recorrer à misericórdia divina (cf. Is 1,18; 51,4-16); a fim de renovarem a Aliança com Yawheh (cf. Ne 9); buscarem ao Yawheh Esposo
compassivo e paciente para com a falta de amor da Amada (Povo) (cf. Jr 31,20). A experiência histórica do Êxodo também frutificou em obras e palavras divinas, devido a misericórdia (hesed) de Yawheh, o qual ouve com compaixão o clamor do povo sofredor e assim decide libertá-los do Egito, mesmo sabendo que poderá ser traído (cf. Ex 3,7; 34). Uma misericórdia paterna que considera e trata Israel como filho primogênito (cf. Ex 4,22), a ponto de triunfar sobre a justiça, sem contradizê-la, seja frente às misérias de membros desconhecidos, ou de um rei David, que peca e se arrepende profundamente (cf. Sam 11; 12;24,10); o descendente Salomão recorre sabiamente à misericórdia pela oração (1Sm 8,22-53) e tantos patriarcas, rei, profetas e outros membros do Povo de Yawheh ou demais povos. O primado e a superioridade do amor em relação a justiça – ponto característico da Revelação – manifestam-se precisamente através da misericórdia”. Na esteira da Revelação veterotestamentária a misericórdia Encarnada – Yeshua Hamashiach, não veio trazer tantos conceitos novos: “A verdadeira novidade da Brit Hadashah não reside em novas ideias, mas na própria figura do Mashiach, que dá carne e sangue aos conceitos – um incrível realismo [inclusive hesed”. Quando hesed e os outros termos foram traduzidos para a brit hadasha eles ganham em sua riqueza polissêmica outras variantes a saber:
“Haurindo seu vocabulário na Bíblia, ele faz grande uso dos termos derivados das raízes eleein (“ter piedade”), oikteirein (“ter compaixão”), kharis (“graça”) e splankhna (“entranhas”, mas sobretudo “compaixão”) – aqueles mesmos que a tradução grega utilizava para verter as três raízes hebraicas evocadas acima”. No Evangelho escrito por Lucas encontra-se no seu princípio, a manifestação da Boa Nova misericordiosa pelos lábios do castigado Zacarias e de Miryam mãe de Yeshua, porque tudo ocorreria devido à expansão da misericórdia, fidelidade do coração de Yawheh misericordioso para com o povo e em memória aos antepassados (cf. Lc 1,50.80). Com maior profundidade e simplicidade o Mashiach revela plenamente a essência misericordiosa de Yawheh, por meio de atos, palavras e sinais.
Dentre tantas Parábolas, a do Filho pródigo, ou do Pai misericordioso permite uma analogia que remete às Alianças rompidas por parte de Israel, mas também demonstra o Evangelho da misericórdia com abrangência pessoal, comunitária e universal, pois quem não se pode colocar Aqueles braços que acolhe e restaura?8. O termo misericórdia é plural e comunica que a Aliança com Yawheh se dá por laços de generosidade e por isso serve de grande auxílio para o convívio e a nova evangelização. A misericórdia aponta para a graça batismal (cf. Tt 3,5); está presente na bem aventurança (cf. Mt 5,7); faz parte daquela ordem divina capaz de assemelhar os filhos ao Pai das misericórdias (cf. Lc 6, 36); ajuda no aprendizado constante que supera os sacrifícios antigos e não pode faltar aos novos (cf. Mt 9,13); aponta para a necessidade de perdoar e se preparar para a misericórdia final (cf. Mt 6,12; Tg 2,12-13) e diz de uma virtude indispensável e urgente aos relacionamentos (cf. Ef 4,32; 1Pd 3,8). nos diz que, como pecadores devemos nossa vida nova unicamente à misericórdia perdoadora e renovadora de Yawheh, misericórdia está com a qual só podemos ser presenteados e que só podemos receber por emunah, mas que nunca – de qualquer forma que seja – podemos fazer por merecer.