sexta-feira, 13 de setembro de 2019

O que Yeshua realmente disse ao ex criminoso na cruz?



Outra passagem que é usada para defender a doutrina da vida após a morte é quando Yeshua disse ao ladrão arrependido que foi crucificado com ele. Lucas 23:42-43 “E disse a Yeshua: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Yeshua: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso." Então as pessoas leem o versículo 43 e dizem: “Vê: o ladrão morto estava naquele dia no Paraíso com Yeshua.” Contudo, quando você tentar entender esta passagem você deverá levar em conta todas as outras passagens bíblicas a este respeito. Ressurreição é o fio condutor na Palavra de Elohim quando se trata da vida após a morte. Eis o que acontece no texto dado acima: Os textos gregos antigos não possuem vírgula ou pontuação. Isto não é uma suposição. É um FATO! Em outras palavras o texto tem essa interpretação porque o tradutor decidiu colocar vírgula antes da palavra “hoje”, causando assim a impressão que Yeshua estava prometendo ao ladrão que apesar do fato de ele não ter ainda ressuscitado, ele estaria com Yeshua no paraíso naquele mesmo dia. Mas, tal interpretação é, assim acreditamos, falsa com base em dois textos que explicamos abaixo.

“E então estaremos sempre com o Senhor”. A palavra diz muito claramente que para estar com o Senhor necessitamos da ressurreição! Você não “estará com o Senhor” quando morrer. Você estará com o Senhor que ele voltar e você for ressuscitado. De fato, 1 Tessalonicenses 4:16-17 diz: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Elohim; e os que morreram no Mashiach ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” Como ESTAREMOS (no futuro) sempre com o Senhor? Por meio da ressurreição! Não há outro modo! A menos que queiramos aceitar que Yeshua estava dando um favor especial para aquele ladrão, e que a palavra de Elohim não foi levada em conta, que ele não precisou de ressurreição para estar com o Senhor, então é óbvio que a interpretação tradicional é falha. Além do mais, como Sha’ul nos diz em 1 Coríntios 15:51-55: “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” Para ser imortal você deve revestir-se de imortalidade, e isto apenas acontece no soar da última trombeta, na vinda do Senhor. Se após a morte você já for um imortal, então por que você precisaria revestir-se de imortalidade aqui na terra? Também nos diz o Senhor: Yochanan 5:25-29 “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Elohim, e os que a ouvirem viverão. Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo; E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem. Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.” Os mortos estão vivos agora? De acordo com o Senhor, NÃO! É por isso que ele usa verbo no futuro quando diz: “porque vem a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Elohim, e os que a ouvirem viverão.” Os mortos não estão vivos agora. Eles viverão naquele dia, “quando todos que estão nos sepulcros ouvirão [futuro] sua voz e sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.” Yeshua mesmo morreu e foi ressuscitado no terceiro dia. Conforme nos diz Sha’ul citando Davi: 
Atos 13:34-37 “E que o ressuscitaria dentre os mortos, para nunca mais tornar à corrupção, disse-o assim: As santas e fiéis bênçãos de Davi vos darei. Por isso também em outro salmo diz: Não permitirás que o teu santo veja corrupção. Porque, na verdade, tendo Davi no seu tempo servido conforme a vontade de Elohim, dormiu, foi posto junto de seus pais e viu a corrupção. Mas aquele a quem Elohim ressuscitou nenhuma corrupção viu.” Se Yeshua não tivesse ressuscitado dos mortos Ele teria certamente experimentado a corrupção. É obvio que Yeshua não estava no paraíso (o que é ainda algo future) naquele dia, mas no sepulcro. Ele não poderia de maneira alguma prometer ao ladrão que naquele mesmo dia eles estariam juntos no Paraíso. O que e onde é o “paraíso”? A segunda razão desta interpretação falsa é porque “a promessa de Yeshua foi sobre o paraíso. Quando ele falou a este respeito, Ele estava respondendo ao pedido do ladrão que disse: 

Lucas 23:42 “Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.” Ele certamente ouviu falar da vinda do Reino de Elohim. Este era um tema constante dos ensinamentos de Yeshua. Então ele conhecia seus ensinamentos. Contudo quando Yeshua lhe respondeu, foi sobre esta pergunta. Muitos ficam confusos por causa da tradição que interpreta “paraíso” como um lugar no céu aonde os bons vão após a morte. Mas, paraíso não é nada como isto. Para encontrar o verdadeiro significado de Paraíso necessitamos olhar não para interpretações humanas, mas dentro da Palavra de Elohim. Eis que a Palavra não deixa dúvida. Em Apocalipse 2:7 ouvimos Yeshua dando a seguinte promessa:
“Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Elohim.”Assim, a árvore da vida está no meio do paraíso de Elohim. A próxima referência à árvore da vida está em Apocalipse 22:1-2, na qual lemos: Apocalipse 22:1-2 “E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Elohim e do Cordeiro. No meio da cidade, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações.” A árvore da vida estava de um lado e de outro do rio, o qual estava fluindo “pelo meio da cidade.” Que cidade? A resposta é dada no livro de Apocalipse 2:1-2: “E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. E eu, Yochanan, vi a santa Cidade, a nova Yerushalayim, que de Elohim descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido.” Então a árvore da vida é parte da nova Yerushalayim e, portanto, parte do novo céu e da nova terra! Agora juntando os pontos: uma vez que a vida está no paraíso de Elohim, este paraíso é algo presente? NÃO! Se tornará presente na nova terra! Como Kefá disse: 2 Kefá 3:13 “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.” Os novos céus e nova terra, e também o paraíso sendo parte desta nova terra, tudo isto está por vir. Estamos esperando por elas! Não há paraíso agora assim como há ainda a nova terra que faz parte dela. Mas haverá! E o paraíso, na nova terra, no novo reino de Elohim, nós veremos também como o ladrão arrependido, exatamente como o Senhor lhe prometeu naquele dia: “Em verdade te digo agora que tu estarás comigo no Paraíso.”
Compare as traduções abaixo:

(Lucas 23:43) “E ele lhe disse: “Em verdade, eu lhe digo hoje: Você estará comigo no Paraíso.”
(Tradução do Novo Mundo)

(Lucas 23:43) “Yeshua lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no
paraíso.” (João Ferreira de Almeida Atualizada)

Todos nós sabemos que Yeshua não ascendeu aos céus no mesmo dia em que ele falou isso ao penitente, e isso é fato. O próprio Yeshua disse que ele ficaria 3 dias e 3 noites no “coração da terra”. (Mattiyahu 12:40) “o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra.” Sha’ul também disse que Yeshua é “o primogênito dentre os mortos”. (Colossenses 1:18). Em sua defesa perante o rei Agripa, Sha’ul ainda asseverou que Yeshua “foi o primeiro a ser ressuscitado dentre os mortos.” (Atos 26:23) Diante desses fatos, entendemos que Yeshua não poderia estar falando que estaria naquele mesmo dia com o penitente “no paraíso”. A forma de escrita grega usada nos primeiros manuscritos disponíveis das Escrituras Gregas é composta unicamente de LETRAS MAIÚSCULAS. Os escribas antigos faziam ocasionalmente – mas não consistentemente – o uso de algumas formas de pontuação. Portanto, a pontuação nas traduções modernas da Bíblia é baseada na gramática do texto grego e no contexto do verso. Neste versículo, a gramática do texto grego permite colocar uma vírgula (ou dois pontos) antes ou depois da palavra “hoje”. No entanto, a pontuação nas
línguas modernas na declaração de Yeshua depende de como os tradutores entendem o sentido do que Yeshua disse e sobre o que a Bíblia ensina como um todo. O USO DE “HOJE” EM PROMESSAS SOLENES Nas línguas semíticas era comum usar a palavra “hoje” para estabelecer o dia em que se fazia uma promessa solene a fim de dar ênfase. Nas Escrituras Hebraicas existem inúmeros exemplos de declarações com “hoje” para promessas solenes e mandamentos. Vejamos alguns:

(Zacarias 9:12) “Voltem à fortaleza, prisioneiros com esperança. Eu lhe digo hoje:
“Recompensarei você em dobro, ó mulher.” (TNM 2015) Nesse texto, nós vemos que “hoje” refere-se ao dia da promessa, não ao dia em que ela se cumpriria. Vejamos outros exemplos:

(D’varim 4:26) “tomo hoje os céus e a terra como testemunhas contra vocês de que vocês certamente desaparecerão depressa da terra.” (TNM 2015)

(D’varim 6:6) “Estas palavras que hoje lhe ordeno devem estar no seu coração.” (TNM 2015)

(D’varim 7:11) “Portanto, tenha o cuidado de guardar os mandamentos, os decretos e as decisões judiciais que hoje lhe ordeno, obedecendo-lhes.” (TNM 2015)

(D’varim 8:1) “Você deve ter o cuidado de obedecer a cada mandamento que hoje lhe dou.” (TNM 2015)

(D’varim 8:19) “aviso-lhes hoje que vocês certamente morrerão.” (TNM 2015) Diante dessas informações, fica claro que Yeshua usou a palavra “hoje” para enfatizar sua promessa solene ao penitente ao seu lado, mas tal palavra se refere ao dia em que foi feita, não ao dia em que seria cumprida. “Digo-te neste dia que comigo tu estarás no Gan Éden”. Lucas 23:43 “…estarás comigo no paraíso” FOI O MALFEITOR PARA O CÉU NO MESMO DIA? Veja também LUCAS 23:43 e a PESHITTA SYRIACA “Estarás comigo no paraíso” – Que paraíso? Yeshua prometeu ao malfeitor que ele viveria no céu? O EX LADRÃO NÃO MORRIA NAQUELE MESMO DIA. O ladrão não morria naquele mesmo dia – Um condenado a morte de cruz geralmente demorava dias para morrer na cruz. Lemos em Yochanan 19:31-33 um costume antigo realizado pelos judeus: “Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a Preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas, e que fossem tirados. Foram, pois, os soldados e, na verdade, quebraram as pernas do primeiro, e ao outro que com ele fora crucificado; mas vindo a Yeshua, e vendo-O já morto, não lhe quebraram as pernas” (cf. Jo.19:31-33). Qual seria a razão pela qual devia-se quebrar as pernas dos crucificados? Porque o crucificado não morria no mesmo dia. Mashiach foi exceção ao caso porque expirou antes (cf. Lc.23:46), ele não morreu como resultado da hemorragia. Os outros, contudo, ainda ficavam vivos agonizando durante dias – não poderiam estar com Mashiach naquele mesmo dia em questão. Isso é o que a História e a Bíblia Sagrada nos mostram. Diz o comentário de J. B. Howell:

“O crucificado permanecia pendurado na cruz até que, exausto pela dor, pelo enfraquecimento, pela fome e a sede, sobreviesse a morte. Duravam os padecimentos geralmente três dias, e às vezes, sete” [Comentário a S. Mattiyahu, pág. 500] Arnaldo B. Christianini segue na mesma linha e afirma: “Depois do sábado haver passado, sem dúvida esses dois corpos foram outra vez amarrados na cruz, e lá ficaram diversos dias, até morrerem. Se era necessário quebrar as pernas aos dois malfeitores, antes do pôr do sol, é porque não haviam morrido ainda. Na pior das hipóteses viveram ainda, pelo menos, um dia a mais do que o Mestre. Como podia, um deles, estar no mesmo dia junto de Yeshua?” [Subtilezas do Erro, pág 222] Vemos, portanto, que historicamente os ladrões que morriam na cruz não faleciam no mesmo dia da crucificação. E a Bíblia confirma isso? Sim, confirma. Na passagem anteriormente citada, vemos que “os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto que era véspera do sábado, pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados” (cf. Jo.19:31). Por que as pernas dos crucificados foram quebradas? Para matá-los logo? Se alguém quisesse matá-los, bastaria uma lancetada no coração ou no fígado deles (como foi feita com Mashiach porque viram que já estava morto). A finalidade em quebrar as pernas deles não era para matá-los, mas porque havia uma tradição entre os judeus que não permitia que o condenado ficasse dependurado na cruz no dia de sábado. Por isso, lhes quebravam as pernas e era descido do madeiro e assim permanecia até o fim do sábado. Prova ainda mais forte de que tal procedimento não resultava em morte imediata dos crucificados é a grande surpresa de Pilatos (experiente em crucificações) em ver que Yeshua já havia morrido:

“E Pilatos se admirou de que {Mashiach} já estivesse morto” (cf. Marcos 15:44) Pilatos ficou pasmo em ver que Yeshua já estivesse morto. Certamente deveria ter dito algo como: “Já morreu?!” Por que Pilatos “se admirou”? Por certo, Pilatos, veterano em mandar pessoas para cruz, já familiarizado com as crucificações, admirou-se diante de um fato inusitado: era algo incomum alguém morrer no mesmo dia da crucificação!

O léxico de Strong define a palavra aqui traduzida por “admirou-se” como sendo:

2296 θαυμαζω thaumazo
de 2295; TDNT – 3:27,316;
1) admirar-se, surpreender-se, maravilhar-se.
2) estar surpreendido, ser tido em admiração.

Assim vemos que o fato de alguém morrer naquele mesmo dia da crucificação era algo extraordinário, bem fora do normal, um fato que causa espanto, surpresa, admiração. Foi assim com Yeshua, mas nada indica que tenha assim sido também com os ladrões ao seu lado na cruz. Ao contrário, a evidência indica que eles permaneceram vivos depois da morte de Mashiach, pois este foi o único a ter o lado furado por uma lança por já ter morrido naquele mesmo dia (cf. Jo.19:33-34), os demais permaneceram vivos dependurados do madeiro até o fim do sábado para depois serem outra vez amarrados à cruz. Não era intenção dos romanos matá-los, mas deixá-los sofrendo (cf.Jo.19:32).

Concluímos: pois, que historicamente e biblicamente o ladrão não morria naquele mesmo dia, e isso, unido às razões já apresentadas, nos mostra claramente que o ladrão não poderia estar naquele mesmo dia com Mashiach no Paraíso – que, por sinal, também não subiu por lá enquanto esteve morto (cf. Jo.20:17; At.2:27).