domingo, 21 de julho de 2013

Bat Mitsvá



Inicialmente é importante ressaltar que o menino ou a menina não fazem Bar/Bat Mitsvá e sim se tornam Bar/Bat Mitsvá. Assim, a partir do momento em que o menino completa 13 anos (segundo o calendário judaico) e a menina completa 12 anos (segundo calendário judaico), eles se tornam respectivamente Bar e Bat Mitsvá, que significam Filho ou Filha do Mandamento. Bar e Bat Mitsvá marcam a passagem da infância para a idade adulta, em termos religiosos. É quando os jovens passam a ser responsáveis por sua conduta moral e devoção. Passam a contar no minian (quorum de 10 pessoas exigido para realização de qualquer ato religioso de caráter público), como um dos três judeus necessários para a recitação do Birkat Hamazon (bênção após as refeições) e a ser responsáveis pelo cumprimento das Mitsvot, entre elas, usar Talit, colocar Tefilin diariamente e jejuar em Iom Kipur. Coletivamente, cada jovem que se torna Bar/Bat Mitsvá representa uma reafirmação dos valores e tradições judaicas, sobre os quais repousa o futuro do nosso povo. Este status legal e religioso é reconhecido publicamente através da cerimônia de Bar Mitsvá, que é realizada geralmente, (mas não necessariamente) no primeiro Shabat após o 13º aniversário do menino pelo calendário judaico. Nesta ocasião, o jovem é chamado pela primeira vez para ler um trecho da Torá e/ou recitar as bênçãos antes e depois de sua leitura. Durante os meses que antecedem essa data importante, o jovem estuda as noções fundamentais da história e das tradições judaicas, as orações, costumes do povo, e os princípios que regem a fé judaica. Aprende também a colocar Tefilin (meninos) e o trecho semanal da Torá relativo ao dia da cerimônia. A celebração do Bar Mitsvá, para os meninos, inicia-se com a colocação dos Tefilin em cerimônia pública na sinagoga. No sábado seguinte, o Bar/Bat Mitsvá é chamado/a pela primeira vez para a leitura de um trecho da Torá (Parashá) e/ou dos Neviim (Haftará). A leitura da Haftará tem origem na época do Rei Antíoco (século II A.E.C), que proibiu a leitura da Torá mas não do livro dos profetas, que eram considerados seculares. O povo judeu começou a estudar o livro de Neviim ao invés da Torá. Mesmo depois da proibição ter sido extinta, a leitura deste livro foi mantida. Não existe nenhuma referência bíblica associando a idade de treze anos à maturidade religiosa. Entretanto, o Talmud menciona que “até o décimo terceiro ano, o pai tem responsabilidade pelo seu filho”. Diz ainda: “se tem 12 anos e 1 dia, os votos por ela proferidos têm valor, se tem 13 anos e 1 dia, os votos por ele proferidos têm valor” (Nedarim 5:6). Além disso, a Ética dos Pais (Pirkei Avot) afirma que aos 13 anos o jovem é responsável pelo cumprimento dos mandamentos da fé judaica (“Aos cinco anos, à Torá; aos dez, à mishná; e aos treze, aos mandamentos.” – Avot 5, 26). O costume do Bar Mitsvá da forma como nós conhecemos hoje é relativamente moderno. Nem a Bíblia nem o Talmud mencionam tal cerimônia. A primeira referência escrita sobre a sua celebração encontra-se no Shulchan Aruch, código religioso redigido no século XVI. Esta cerimônia foi instituída na Idade Média, e representa o reconhecimento público, uma oportunidade que o jovem tem de cumprir publicamente uma Mitsvá. Ela pode ser realizada em qualquer dia em que haja leitura da Torá, ou seja, às segundas-feiras, às quintas-feiras, aos sábados pela manhã e pela tarde, em Rosh Chodesh e em festas. Já a cerimônia de Bat Mitsvá é bem mais recente e é celebrada pelas comunidades reformistas e conservadoras desde o início do século XX. Em 1982 ela foi oficialmente declarada legítima e válida pelo rabino Chefe Sefaradi de Israel, Ovadia Yossef. A primeira cerimônia de Bat Mitsvá foi realizada em 1922, nos Estados Unidos, por Judith Kaplan, filha do Rabino Mordechai Kaplan. O Bat Mitsvá corresponde à maturidade religiosa alcançada pela menina judia aos 12 anos. A preparação é semelhante à dos meninos. No judaísmo ortodoxo, as mulheres são dispensadas dos estudos religiosos e estão sujeitas a um número bem menor de mandamentos que os homens. Ao tornar-se Bat Mitsvá, a menina ingressa na comunidade judaica adulta, assumindo formalmente sua responsabilidade religiosa perante seu povo. O costume de dar festa após o/a menino(a) tornar-se Bar/Bat Mitsvá surgiu na Idade Média, quando se fazia uma Seudat Mitsvá (refeição festiva comemorando o cumprimento de um preceito sagrado). Naquela época, com receio de que o luxo excessivo pudesse deturpar o verdadeiro sentido da festa, algumas autoridades estabeleceram regras limitando o número de convidados e exigindo certo grau de sobriedade. Atualmente, a tradição de celebrar o Bar/Bat Mitsvá está se convertendo em festas com muito luxo e ostentação, o que não está de acordo com o espírito da lei judaica. Em diversos locais do mundo, a família doa o correspondente a 10% dos gastos com a festa para alguma instituição beneficente.